6.06.2008

A crítica ao Indutivismo-parte 2


Karl Popper arranjou maneira de dar resposta à questão do indutivismo como método científico.
O Indutivismo enquanto a concepção do método científico consiste, primeiramente, em considerar que é a partir de observações que são formuladas as hipóteses. Destas hipóteses retira-se uma conclusão generalizada e formula-se uma teoria. Esta, se for verdadeira para todos os casos, pode ser verificada, isto é, comprovada a partir da experiência e também a partir da experiência pode ser confirmada, ou seja, verificada parcialmente.
No entanto, o indutivismo sofre algumas críticas. Segundo esta perspectiva a investigação científica necessita que a observação seja pura e o cientista imparcial (não influenciável), mas não é o que ocorre na realidade, pois o cientista recorre ao auxilio de instrumentos para fazer as suas observações e acaba sempre por ser influenciado pelas teorias que já conhece.
Outra crítica é que existem teorias científicas que foram formuladas a partir de objectos não observáveis ou que, pelo menos, não eram observáveis na altura em que a teoria foi formulada.
Mais ainda, o método indutivo apresenta outro problema que já tinha sido discutido por David Hume que é o de justificar o princípio de indução. As inferências indutivas pressupõem o principio de indução, o qual requer que a Natureza seja uniforme. Esse principio não pode ser justificado a priori, pois não é uma verdade necessária. Também não pode ser justificado a posteriori, pois isto leva a formular outro argumento indutivo, o que leva a uma petição de princípio. Como principio de indução não pode ser justificado nem a priori nem a posteriori, então este principio é injustificável. Daí resulta o problema de mostrar que algumas das inferências que fazemos são justificadas.
Karl Popper que concorda com o argumento de Hume em relação ao método indutivo, constrói uma outra interpretação do método cientifico (hipotético-dedutivo) para justificar as teorias cientificas e dissolve o problema da indução, mostrando que os problemas da indução não invalidam a credibilidade e racionalidade da ciência. Pois, segundo o seu ponto de vista, as teorias cientificas não são descobertas a partir do método indutivo, mas sim utilizando apenas o raciocínio dedutivo, visto que é por dedução que se obtém as consequências predictivas das hipóteses que são experimentadas e que, se forem corroboradas, então se aceitam como teoria provisoriamente válida.
A ciência evolui por tentativa e erro, isto é, uma conjectura deve ser sempre posta a prova por meio da experiência tentando mostrar que é falsa e se ela for falsa elimina-se essa conjectura e parte-se para outra; se esta resistir então, inicialmente, é corroborada. Mesmo assim, esta teoria corroborada pode ser mais tarde refutada e substituída por outra.
Assim, nunca temos a certeza de termos encontrado uma teoria verdadeira, mas sim uma próxima da verdade que descobrimos por meio de eliminação das falsas.
O falsificacionismo como critério científico não era perfeito e foi alvo de duas críticas.
Em primeiro lugar o falsificacionismo distorce a natureza da actividade científica. Isto porque os cientistas não desenvolvem uma actividade com o intuito de a refutarem mas sim de a confirmarem e de consolidarem as suas teorias. E não é por não observarem aquilo que esperavam nas primeiras observações que a vão refutar.
A segunda crítica é a de que o falsificacionismo torna irracional a nossa confiança nas teorias científicas.
Se as teorias científicas não estiverem confirmadas pela observação não é racional confiar nelas. Por exemplo se eu não tiver razões muito fortes para acreditar nas leis físicas não vou arriscar atravessar uma ponte, pois ela pode não se comportar da maneira que eu estou à espera e cair.
Popper defendia que as teorias científicas mesmo quando inicialmente corroboradas iriam acabar por ser refutadas. Portanto, segundo Popper, eu não tenho motivos para acreditar que as leis cientificas são válidas e como tal não devo estar à espera que a ponte não caia. E sendo assim o melhor mesmo é não arriscar e não atravessar pontes.

Carla B.
Halyna K.

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